sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

AMOR SEM ESCALAS







Dica 09
Filme.: Amor sem Escalas
Diretor.: Jason Reitman
Elenco.: Anna Kendrick, Danny McBride (Jim), Vera Farmiga, Melanie Lynskey (Julie Bingham), George Clooney (Ryan Bingham)

Resumo do Roteiro.:
Em plena crise americana, executivo ganha vida viajando pelos EUA, demitindo pessoas. Ele faz do seu trabalho uma filosofia de vida, exaltando a solidão e a auto-suficiência como meios legítimos e opções reais de felicidade.

Comentário .:
Jason Reitman é a prova viva da evolução das espécies, se o seu pai realizava comédias despretensiosas como “Caça-Fantasmas”, ele consegue ir mais além fazendo filmes sensíveis como “Juno” e este “Up in the air”, que nada tem a ver com o título “fuleiro”,não encontro palavra melhor, dado pelo distribuidor brasileiro. Não se trata de comédia romântica, muito pelo contrário, aqui Reitman revisita questões profundas como autoconhecimento, mudanças de vida e tomada de decisões que vão alterar para sempre a trajetória dos personagens.
Nada aqui é explícito, tudo é dito nas sutilezas, como por exemplo, na familiaridade com que o protagonista arruma malas ,no estranhamento do mesmo ao cogitar ter que voltar para “casa” algo que ele não conhece ou na palestra que não consegue ministrar por não acreditar mais no que ela prega .
Ryan Bingham realmente acredita que seu modo de vida é uma forma suprema de felicidade não se prendendo à nada ou a ninguém e se esquece de um pequeno detalhe, ele é humano e ao descobrir que por anos construiu uma armadilha para si próprio se vê irremediavelmente sem saída.
A interpretação de Clooney é sincera e honesta, ele consegue através de um simples olhar transmitir toda a melancolia desse homem que é obrigado a confrontar uma dura realidade, ao ver que tudo em que acredita não passa de uma mera ilusão criada por ele mesmo e repetida com tanta ênfase que se tornou sua única verdade. É incrivelmente triste, presenciar o exato momento em que ele se dá conta do grande abismo em que se encontra e de como foi infeliz em suas escolhas. Aqui Clooney abandona sua interpretação carismática, cheia de charme e maneirismos que o consagraram e resolve mostrar o quanto sabe atuar e o seu trabalho merece Oscar. Com esse papel ele garante um lugar cativo ao lado dos grandes como Hanks, Nicholson, Pacino e De Niro.
É interessante ver de perto o impacto da crise na vida dos americanos e como eles encaram de forma dramática a perda de status e poder aquisitivo como uma morte em vida.
São imperdíveis as cenas de demissão realizadas com uma crueza incomum. Vemos a consolidação de um futuro promissor para o jovem diretor e uma infinidade de grandes interpretações para o agora também “jovem” ator, pois nesse filme George Clooney se reinventa e corre riscos, saindo-se muito bem.
Vale também ver o trabalho de Farmiga a versão bem sucedida e real da utopia criada por Bingham ( e por ironia encarnado por uma mulher) representando o atual momento onde cada vez mais os homens são suplantados pela força feminina que expõem o fracasso masculino e sua derrota irreversível. O que pode ser interpretado na cena final, quando o protagonista se vê literalmente sem rumo e sem um lugar no mundo.

Finalmentes.:
É um filme que leva à reflexões mas sem ser chato, pelo contrário, há passagens engraçadas e a edição é ágil e interessante evitando qualquer tipo de tédio ou desinteresse. O diretor consegue fazer uma análise atual e pertinente sobre a vida que levamos e como cada pessoa encara as coisas de forma particular e única. Vá mas não espere final feliz, afinal como diria aquele “sumido” poeta cearense: “na vida tudo é muito diferente, na vida é muito pior....”

AVATAR








Dica 08
Filme.: Avatar
Diretor.: James Cameron
Elenco.: Sam Worthington, Zoe Saldana, Stephen Lang, Michelle Rodriguez, Giovanni Ribisi, Joel Moore, CCH Pounder, Wes Studi, Laz Alonso, Dileep Rao e Sigourney Weaver.

Resumo do Roteiro.:
Em 2156 uma companhia explora o planeta Pandora buscando adquirir um metal agora precioso para a Terra e se utiliza de uma tecnologia que permite que humanos se passem por nativos com a intenção de agilizar o processo de extração do mineral.

Comentário .:
James Cameron já faz parte da história não só por “Titanic”, mas também por tantos outros filmes que ajudaram a moldar o que vemos hoje nas telonas. Assim , foi com ansiedade que aguardei seu novo projeto que prometia dentre outras coisas revolucionar a forma de se fazer e ver filmes. Além disso, os números de estréia já apontavam outro êxito deste que é um diretor já aclamado e premiado. Após ver “Avatar” o que posso dizer é que ele conseguiu acertar muito, mas não saiu ileso e também cometeu equívocos (na minha modesta opinião).
O maior dos acertos foi a concepção de Pandora, da riqueza do dialeto à diversidade da fauna e flora criadas. É divertido e inusitado a sua apresentação de animais que passam uma enorme veracidade e das plantas e flores tão belas quanto intrigantes em suas cores e formas originais e vibrantes.
Outra boa sacada foi a excelente utilização da performance capture, técnica que permite captar os movimentos dos atores e transmitir mais realismo à personagens digitais. Igualmente incríveis são a fotografia, música e efeitos especiais.A cereja do bolo é a confecção da película em 3D o que possibilita uma verdadeira viagem por esse mundo novo e fascinante.
Como nada é perfeito, Cameron tem seus deslizes e é quase inacreditável a escolha de um ator tão inexpressivo como Worthington para o papel de protagonista, ele é tão limitado que chega a comprometer o resultado final, talvez Cameron só perca nesse quesito (elenco) para Lucas em sua infeliz escolha de Hayden Christensen (onde anda ele mesmo, hein?) e seu Anakin Skywalker. A sorte do diretor foi escalar Zoe Saldana, ainda jovem atriz, mas já uma mestra na arte de interpretar e que consegue abrandar o estrago feito, pois sua personagem participa das principais seqüências.
Ainda no item casting, ele debocha da nossa paciência ao empurrar Michele Rodriguez no seu eterno papel de Ana Machadão, Ana Lucía (Lost) ou Mulher-Macho sim senhor, James Cameron deveria saber que milagre não acontece duas vezes, não é por que ele conseguiu que Dicaprio interpretasse que vai repetir o feito com outros “atores” cabeça de bagre (e no caso ele exagera no desafio, escolhendo os piores disponíveis).
Outra derrapada séria é no roteiro que deixa uma impressão de “dejávu” e é impossível não se lembrar de “Pocahontas”, “Dança com Lobos”, “O Último Imperador”, “Matrix” e até dos Smurfs...(rs)
As cenas de luta não empolgam e fica a sensação de que o filme é mais longo do que deveria. O final é previsível e não deixa qualquer gancho como em outras trilogias vide “O Senhor dos Anéis”.

Finalmentes.:
Apesar dos equívocos é impossível ignorar a qualidade do espetáculo e o mesmo vence pelo conjunto da obra, mas não entrega a tal “revolução” tão propalada, quem sabe no próximo. James Cameron é um homem de grandes feitos e filmes e não temos como negar que ele realizou um trabalho acima da média trazendo para o grande público o tipo de entretenimento mais moderno possível, esperemos que ele não aguarde 12 anos para lançar outro trabalho. Tenha paciência com os óculos 3D pois eles vão insistir em escorregar até a ponta do seu nariz, levar uma liga ou barbante não seria uma má idéia. É diversão garantida, mas é só isso (o que não é pouco nos dias de hoje).