quinta-feira, 19 de novembro de 2009

2012







Filme.: 2012
Diretor.: Roland Emmerich
Elenco.: John Cusack , Woody Harrelson , Danny Glover , Amanda Peet.

Resumo do Roteiro.:
Os Maias não conseguiram prever seu próprio extermínio , mas com extrema capacidade acertam o que nem Mãe Diná conseguiria,o mundo vai acabar,em 2012. Os EUA,claro,vão descobrir isso antes de todo mundo e se preparar para evacuar o recinto em arcas.
Comentário .:
Antes de iniciar o comentário,gostaria de alertar que se você não assistiu 2012 e pretende fazê-lo é melhor que não leia o que vem a seguir. Após o filme,fiquei imaginando,por quê,Hollywood ainda faz coisas assim e lança no mundo todo,deve ser,obviamente,pelo simples fato que há público para isso,ainda assim,imaginei a seguinte cena :

Primeira Reunião da Sony com Roland Emmerich sobre seu mais novo projeto .:

Produtores - Bom dia,Sr. Emmerich e parabéns pelo seu último filme! (Em coro).

Roland Emmerich – Muito obrigado,aposto que vão gostar do próximo assim,que eu contar sobre o roteiro!

Produtores – Conta! Conta!

Roland Emmerich – É uma biografia de Wagner,o grande compositor alemão de música clássica...

Produtores – Mudos (com cara de Pânico)...

Roland Emmerich – kkkkkkkkkk..vocês caíram nessa?! É claro que é sobre o fim do mundo!!!

Produtores – kkkkkkkkkkk.........ufaaaaaaaaaaaaaa!!! (Aliviados)

Roland Emmerich – Olha só... "Cientista isolado e anti-social,desprezado pela família, desempregado,separado e ignorado pelos filhos, descobre que a gravidade está sumindo do planeta devido à inversão dos pólos magnéticos (depois, a gente inventa o porquê disso) o que vai causar uma queda livre da Terra e a respectiva extinção da raça humana...Ele consegue abordar o Presidente dos USA na rua e o convence disso tudo e que a solução para evitar o apocalipse é a colocação de dois imãs gigantescos nos dois pólos do planeta , operação comandada pelo próprio presidente que é piloto de caças...Para isso,ele vai contar com a ajuda do tal cientista e do povo americano,contra tsunamis gigantescos,destruições em massa,congelamento das cidades e superaquecimento ( o que ocasionará chuva ácida...), tudo isso,em apenas 24 horas.

Produtores – Ohhhhhhhhhhhhhhhhh...(extasiados)...Vai ser sua obra-prima Sr. Emmerich e como vai se chamar ?

Roland Emmerich – Apocalipse Final...(cara de gênio...)

Produtor Novato – Sr. Emmerich , isso parece uma mistura de “O dia depois de
Amanhã”,“Independence Day”,“Armagedon” e “2012”...

Roland Emmerich – Você é novo aqui não é , garoto? (irado , trincando os dentes).

Produtor Novato –O senhor me entendeu mal...e o monstro? Tem que ter um monstro como em “Godzilla”...

Roland Emmerich – Claro...(pensativo...)

Fim da cena, todos batem palmas...

É mais ou menos isso,pessoal,no caso , o pai desprestigiado que precisa salvar a todos ,escapar do fim do mundo e recuperar sua família é Jackson (Cusack em situação inimaginável para um ator original e um orgulho de sua geração)...É claro que eles escapam de carro (em uma limusine,que por acaso...só por acaso... serve a um russo que vai embarcar em arcas preparadas pelos EUA para uns poucos privilegiados..) .A ex-mulher do nosso herói é,atualmente casada,com um sujeito super bem sucedido (cirurgião plástico,mas que também é...piloto! Bingo!) E continuam a viagem de avião... Eles lutam para escapar enquanto são ajudados por um lunático (Harrelson,em momento de “apocalipse” em sua carreira). Enquanto isso Wilson,o Presidente (Danny Glover,inspirado em Obama,talvez) é o grande líder mundial...(não importando que ele tenha mandado matar todos aqueles que tenham tentado revelar sobre o fim do mundo à sociedade...). Bom...depois de muita correria e alguns bons efeitos...todos escapam...felizes, bem, todos não...O padrasto (aquele sujeito bem sucedido..) morre esmagado ,mas,e daí?a família imediatamente se reúne e a viúva reata com o ex na mesma hora....”ahhhh...ele que se f....”Bom , só rindo mesmo... Ahhh...e tem o Cristo sendo destruído em uma nota de rodapé,é bem verdade...Mas,é isso aí,somos da periferia,não tínhamos como figurar bem em um drama assim,nem que tivéssemos descoberto o início do cataclisma,como aquele pobre indiano,que,largado à própria sorte, sucumbe à uma onda..Pelo menos , Boollywood sumiu do mapa com ele...
Finalmentes.:
Ainda bem que pouca gente (rssss...) lê esse blog , senão era arriscado o Emmerich roubar minha idéia,afinal,as maneiras de dar cabo do mundo,acho que já se esgotaram...Se quiser mesmo assistir,você vai desejar que quando o dia do juízo final acontecer,deveria iniciar em um certo endereço em Hollywood...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Cinema é a maior diversão.....

Sábado à noite você sai de casa, vai buscar a namorada, pega trânsito, leva uns vinte minutos para encontrar uma vaga para estacionar no shopping (sim, shopping, não existem mais cinemas de rua), enfrenta uma fila para comprar o ingresso, paga caro, senta num lugar horrível pois o cinema está cheio, o sujeito ao seu lado fica comendo pipoca de boca aberta e o casal atrás de você comenta o filme em voz alta. Um celular toca na fileira da frente e a adolescente dona do mesmo o atende, e passa a conversar tranquilamente com uma amiga.
Ok, você adora cinema e não pode, como eu, escolher horários alternativos para ver filmes, então você se acostuma e aprende a ignorar todos esses “probleminhas”. Eis que, no meio do filme você analisa e chega à conclusão de que já viu esse filme antes. Dezenas de vezes!
Originalidade nunca foi muito o forte de Hollywood. Mas lembre-se de que eles fazem filmes para dois tipos de espectadores: você e o sujeito comum. Você, que está lendo meu texto, se informa antes de ir ao cinema, quer ver algo diferente, algo novo, algo nunca imaginado. O sujeito comum já não se preocupa com isso, ele quer não pensar muito, estar confortável com o que ele já conhece, nada de surpresas. Entre ver algo novo, como você prefere, e ver algo que ele conhece “de cor e salteado”, ele vai escolher a segunda opção.
Convenhamos, ele é o tipo que enche o cinema para ver os lixos que você odeia mas que estão em centenas de salas de cinema. Ele é o cara que gera dinheiro, não você. Então por que cargas d’água Hollywood se preocuparia com você. São negócios, meu amigo, negócios. No Brasil, até agora, ‘Os Normais 2’ rendeu 18 milhões e ‘Bastardos Inglórios’ 4 milhões. Ficou nítido o que a grande maioria quer assistir?
Hollywood deve sim estar cheia de novas idéias, não tenho dúvidas, mesmo que ás vezes elas sejam apenas uma colcha de retalhos de velhas idéias mas que funcionam muito bem como novas. Porém o que dá lucro é o fácil, as idéias comuns, a repetição. Esse festival de continuações e remakes é um grande exemplo disso tudo, “o sujeito comum quer o que ele entende, e é isso que vamos dar a ele.” “E você, sujeito das novas idéias, contente-se quando te damos algo novo, de vez em quando.”
Esse texto é do Castrezanas do Omedi,mas acho que qualquer um de nós o assinaria, eu mesmo semana passada, passei por tudo isso, mas, no meu caso, houve requintes de crueldade.
Ao assistir um filme , tive que suportar conversas de casais, narrações simultâneas com direitos a exclamações e interjeições (é o "cinema interativo"), aborrecentes contumazes excitados discutindo temas que só interessam a eles mesmos, sem falar em um cidadão, acompanhado de sua companheira e que insistia em expelir flatos em alto e bom som durante toda a projeção, sem qualquer sinal de protesto (nem mesmo a sua parceira, parecia se incomodar...) e que em respeito à película tive que relevar.....
Realmente complementando o que ele disse, acho que não é só o cinemão que é feito hoje para os "não pensantes de plantão", o próprio mundo moderno é deles, da mediocridade, do sorriso amarelo, do "ahhhh...quem tiver achando ruim, que vá à m...." E assim eles criam seus filhos e a coisa vai caminhando desse jeito mesmo....
Bom, vendo tudo isso, parece cada vez mais distante aquele velho slogan de uma antiga rede de cinemas que dizia: "cinema é a maior diversão" e complementar resignado...nem sempre, nem sempre.....

sábado, 31 de outubro de 2009

Dica 05







Filme.: Te Amarei pra Sempre
Diretor.: Robert Schwentke
Elenco.: Eric Bana, Rachel McAdams, Arliss Howard

Resumo do Roteiro.:
Henry Detamble , descobre ,ainda criança, ser portador de uma anomalia genética que o faz “saltar” no tempo de maneira involuntária, tornando-se uma pessoa isolada e conformada com a sua situação, até conhecer Clare, que viria a ser o amor de sua vida , dando início a uma história surpreendentemente romântica e imprevisível.
Comentário .:
Antes de falar do filme, gostaria de ressaltar as instalações dos cinemas do shopping Via Sul que tive oportunidade de conhecer no sábado (31/10), da poltrona (incrivelmente confortável) ao som impecável), arrisco-me a dizer tratar-se, hoje, do melhor complexo de salas de exibição da cidade.
Dito isto, vamos à película. Bom se os tradutores tivessem dado uma literalidade ao título original.: “A esposa do Viajante do Tempo”, seriam mais poéticos e confeririam à trama, maior curiosidade do que o infame: “Te amarei pra sempre”, título de música do Zezé de Camargo e Luciano.... (nada contra), mas não faz jus à produção, baseada no romance de mesmo nome de Audrey Niffenegger. Nos últimos tempos, Hollywood tem se esmerado na confecção de “fábulas modernas”, como por exemplo, no caso do ótimo “Benjamim Button” ou das animações da Pixar (vide Up – Altas Aventuras) e é com esses olhos que devemos abordar esse filme. O personagem principal viaja involuntariamente no tempo e o que poderia parecer divertido para uns, torna-se um fardo pesado demais para Henry ( Bana, sensível), até encontrar Clare, (McAdams ,razoável), que resolve se doar ao viajante e superar os obstáculos de uma vida atribulada e cheia de incertezas. O termo “fábula” se aplica aqui , pois devemos observar o romance e os conflitos aparentemente inconciliáveis do casal como os tidos e havidos do nosso próprio cotidiano, assim como, por circunstâncias do roteiro, ouvimos em dado momento, a sábia constatação de que “na verdade, é possível casar com a mesma pessoa várias vezes...” Em muitos casos, “saber” o nosso próprio futuro pode ser de nenhuma valia e se importar com pequenas coisas é uma grande perda de tempo. A história é interessante e cumpre o seu papel e não cabe tentar enxergar no roteiro razoabilidade ou racionalidade para a condição de Henry e seus desdobramentos, o que vale aqui é contemplar a bênção de poder encontrar em nós mesmos e nos que amamos motivos para encarar os desafios colocados à nossa frente, preservando o que realmente importa na vida, que é o amor e a felicidade de encontrá-lo. Outro acerto é trazer luz à dinâmica do viver,mostrar que nós evoluímos e somos muitos em um só, nas mais variadas versões de nós mesmos, quando crianças, jovens ou velhos e que o curso do tempo deixa marcas e transforma a tudo e a todos.
Finalmentes.:
Um bom filme para o final de ano, época de balanços e reflexões, é sincero, não apela para o sentimentalismo e nem lança mão da pieguice para falar da finitude de nossa condição humana e de como somos “passageiros” de nosso próprio destino. É mais pra chorar e muito pouco ou quase nada pra rir.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

TV









ON/OFF





ON.....


Para quem gosta de esportes e só tem como a opção a tv aberta, indico o novo Globo Esporte com Alex Escobar e Glenda Koslowsky...Escobar é conhecido de quem acompanha a SportTV, é direto, franco e não faz aquele tipo "empostado" e artificial do Tino Marcos....Já a Glenda está muito bem, é ágil, dá ritmo ao programa e faz jornalismo esportivo sem chatice....


Além disso, o novo Globo Esporte tem investido no formato "ao vivo" e o resultado é ótimo, como visto na Grande Prêmio Brasil...É ON....







OFF....



É até difícil escolher um programa na atual tv brasileira,para se dedicar o OFF (são muitos candidatos)...mas, vamos lá...Tem um programa na Rede TV, chamado Dr. Hollywood, apresentado por uma tal de Daniela Albuquerque, que depois vim a saber ,é esposa do dono da tv (tinha q ser...)..Ela não consegue disfarçar o teleprompter, parece um robô avariado e nem bonita a moça é....O conteúdo da atração é um programa da E!,mas eles mostram uma temporadas antigas....É sobre estética e cirurgia plástica e o protagonista é o tal Dr. Hollywood, tipo afetado e inacreditável....totalmente OFF....


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Dica 04





Filme.: A Verdade Nua e Crua
Diretor.: Robert Luketic
Elenco.: Katherine Heigl, Gerard Butler, Bree Turner, Eric Winter, Nick Searcy, Cheryl Hines

Resumo do Roteiro.:
Apresentador de programa que prega o machismo como filosofia de vida e vê as mulheres como simples objetos sexuais é contratado para trabalhar em canal de TV com produtora que acredita no amor ,no romantismo e no mito do “homem perfeito”. Ele propõe a ela um trato, se conseguir através dos seus métodos que ela conquiste o seu “príncipe encantado” ela lhe dará liberdade total em seus programas.
Comentário .:
Apesar de pouco valorizada a comédia romântica é talvez o gênero cinematográfico mais longevo e resistente em Hollywood.Todos fazem. Hanks, Gibson, Nicholson, Roberts, Bullock, Zellweger....É obrigatório... Gerard Buttler vem confirmar sua versatilidade e se sai bem na pele do grosseirão de bom coração que só acredita em sexo e diversão(ihhh....rimou...pra entrar no espírito da coisa ...).
O filme em si é assistível , apesar de recorrer à piadas fáceis e situações clichê. Heigl já habitué desse gênero, como visto em 27 vestidos continua linda e boa atriz. A favor do roteiro está o fato de tratar o tema do sexo sem hipocrisia e os personagens serem tipos bem comuns e factíveis. O desenrolar é previsível e é lógico que tem sempre aquela máxima do “feitiço que vira contra o feiticeiro” com o indefectível final feliz. Aqui tudo é o oposto do Distrito 9, a vida é bela, viver é uma onda e tudo pode dar certo, além do que na vida, não há problemas, só a velha e boa guerra dos sexos. Há química entre o casal protagonista, não deu pra gargalhar, mas um sorriso espontâneo até pintou de repente.

Finalmentes.:
Se você não tiver nada pra fazer (mas, nada mesmo), domingão, sem compromisso com nada, pode ser uma boa...Ou então (um conselho mais útil), se está de olho naquela ou naquele paquera e a coisa não anda, convida pro filme,pode ser um jeito de chegar, afinal , depois, na hora da pizza, vai surgir a velha questão, quem está com a razão, os homens ou as mulheres? Dá pano pra manga....

Dica 03


Filme.: Distrito 9
Diretor.: Neil Blomkamp
Elenco.: Sharlto Copley, Vanessa Haywood, David James, Louis Minnaar, Jason Cope, Mandla Gaduka.
Resumo do Roteiro.:
Na década de 80, na África do Sul, uma nave alienígena surge nos céus de Johanesburgo e lá permanece “emperrada” , por 3 meses, até a mesma ser invadida.No seu interior se encontram milhares de aliens doentes e subnutridos. Após serem transferidos para uma região da cidade, os “camarões” como são conhecidos os ET´s se multiplicam e transformam-se em moradores da maior favela da cidade, logo batizada de Distrito 9. O burocrata Mikus van de Merwe (Copley) é escolhido para fazer o “ despejo” dos ocupantes da área para um campo de concentração e é aí que tudo começa a dar errado.
Comentário .:
Se você pensou em Star Trek, Star Wars ou Alien, esqueça. Esse filme é diferente de tudo o que já tenha sido feito (o que não é necessariamente um elogio).O início é bem difícil e o diretor opta por contar o advento da aparição e conseqüente relação dos et´s com os humanos de uma forma bem incomum , através de mídias,documentários, depoimentos de sociólogos, cientistas, pessoas comuns e o faz de forma bem realista, utilizando-se bem do recurso criado pelo gênio Orson Welles em Cidadão Kane e se sai bem nisso.
Se você for paciente e conseguir transpor esse início que é bem indigesto, cheio de cenas escatológicas e angustiantes, terá uma agradável surpresa, Distrito 9 começa a tomar feição de filme “normal” com uma dinâmica mais palatável .Através dos acontecimentos que envolvem o protagonista, o patético Mikus, a narrativa consegue envolver e até despertar um certo interesse pelo desenrolar daquele imbróglio. Você deve estar se perguntando.: “Afinal, o filme é bom ou não?” A resposta é.: “Depende.” Como assim? Bom , o cinema é prolífico em diretores que gostam de perturbar, causar ânsias, incomodar, chocar (como Van Sant, Kubrick ou Parker) e há pessoas que gostam dessa proposta(se você é uma delas...), além disso o filme vai fundo e expõe toda a miséria humana, seus preconceitos, tirania, ambição ,falta de princípios e ética.Não ,por acaso, tudo se desenrola na África do Sul, país marcado pela intolerância e racismo, onde os excluídos ,diga-se de passagem ,por ambos os lados (negros e brancos), são seres extraterrestres e, por essa condição, extremamente
“inconvenientes” , pois são rudes, não sabem falar bem o idioma e vivem na marginalidade.Talvez pelo tratamento “cru” que é dado ao filme, cause uma terrível sensação de realidade em tudo o que se vê ali e nada é agradável. Além disso a produção é detalhista, o ritmo é frenético, câmera nervosa e muito “cinema-verdade”...Vale o destaque ao ator que interpreta Mikus (Copley), um inocente útil que não sabe muito da vida e talvez por isso é exposto de forma cruel à uma situação que certamente não mereceria.A seqüência final é de uma tristeza singular e não dá muita esperança a quem assiste.
Finalmentes.:
Imagine um “ Cidade de Deus” de aliens repugnantes em um ambiente fétido e decadente e tudo isso pra mostrar que o ser humano não vale nada.Um filme perturbador e nada agradável , não faz concessões. Vá, mas vá sabendo do que se trata e depois saia para debater a natureza humana em algum boteco que sirva pelo menos uma cerveja gelada.

Dica 02


Filme.: Up - Altas Aventuras
Diretor.: Pete Docter e Bob Peterson
Elenco.: Chico Anysio
Resumo do Roteiro.:
Após ficar viúvo, o velhinho Carl resolve realizar o sonho de sua esposa Ellie, ao levar sua casa (utilizando balões, pasmem, não vou fazer piada com aquele padre não) para uma selva na América do Sul, envolvendo-se em uma série de aventuras e contando com a ajuda (por vezes, indesejada) do pequeno escoteiro Russel, da ave Kevin e do cãozinho Doug.
Comentário .:
Atualmente o nome Pixar (estúdio realizador de Up) confunde-se com a própria definição de animação e assim, sendo, a expectativa sobre seus filmes (agora já incorporados aos estúdios Disney) é sempre a melhor possível.
E no caso de “Up”, não é diferente. O início é comovente e fica impossível não se sensibilizar com a vida do casal Carl e Ellie ,desde o seu início, mostrando suas alegrias, tristezas, seus sonhos adiados e percalços, tudo tão humano e verdadeiro e tão familiar a nós todos. Foi a primeira vez que vi pessoas chorando no início de um filme, algo bem incomum, pois o que acontece sempre é que a emoção brote no final, quando já se está totalmente envolvido com o enredo e os personagens, o que só mostra a habilidade e competência dos roteiristas ,diretor e atores (vozes).
As dublagens da versão brasileira são inspiradas com o destaque para o Carl de Chico Anysio que deixou de lado todo o seu histrionismo e fez um trabalho de ator, fazendo rir e chorar em um “timing” único, sem erros.Isso só mostra como este cearense de Maranguape é especial e talentoso, se lembrarmos, por exemplo de performances medíocres de outros “medalhões” , que se aventuraram em dublagens de animação como Tom Cavalcante em Dr Doolilte ou Bussunda (que Deus o tenha em bom lugar) em Shrek. O Carl de Chico é incrivelmente singelo e tocante, realmente inspirado, talvez pelo fato de se identificar com o personagem que também vive o seu ocaso,mas como ele não se entrega perante às adversidades e sabe do seu valor. Bom, deixando de lado a parte mais adulta , há seqüências impagáveis durante toda a animação ,com especial destaque para os bizarros “cães falantes” e o pequeno Russel, sempre solícito e incansável, pecando sempre pela ação e nunca pela omissão. É redundante falar aqui do apuro técnico e do êxtase visual de inúmeras cenas, principalmente as “aéreas” .
Após assistir o filme, fiquei imaginando o porquê do sucesso das animações da Pixar e ficou claro pra mim que o segredo de tudo está em contar uma história para toda a família.Muitos naufragam nesse intuito, pois geralmente ou tentam tornar o enredo realista demais e erram a mão (na tentativa de incluir os pais) ou não resistem ao velho truque da “mensagem” edificante o que por vezes, soa falso, isso sem falar no sentimentalismo ,recurso manjadíssimo desse tipo de filme.Pois é aí que está o diferencial da Pixar, eles conseguem fazer tudo isso envolvendo a todos, de forma honesta e incrivelmente sincera, sem ,em momento nenhum descuidar do lúdico e da magia, o que interessa particularmente ao público alvo, os pequenos.
Finalmentes.:
Imperdível,diverte, faz pensar, emociona...Puro cinema.Vá,mas não sozinho(a), chame o namorado(a), marido/esposa e,se tiver, as crianças, todos deveriam ir.

Dica 01




Filme.: Bastardos Inglórios
Diretor.: Quentin Tarantino
Elenco.: Brad Pitt, Eli Roth, Cristoph Waltz.
Resumo do Roteiro.:
Durante a segunda grande guerra, um grupo de judeus forma um pequeno exército de resistência aos nazistas chamados “Bastardos Inglórios”, capitaneado por Aldo Raine (Pitt), um americano do Tenesse. O filme conta os feitos desses combatentes frente aos alemães (e seus métodos pouco convencionais, como o escalpe) em uma França ocupada de forma bastante violenta e com um desfecho surpreendente.
Comentário .:
O filme é a maior realização de Tarantino, trata-se de um ensaio curioso sobre toda a sua obra e a materialização de todo o seu estilo em plenitude. Ao longo da narrativa é possível vislumbrar toda a essência do cinema desenvolvido pelo diretor e o auge de toda a sua evolução e personalidade.
Os filmes de guerra transformaram-se em um gênero dentro da história do cinema e têm entre seus clássicos : “A ponte do Rio Kway”,“Apocalypse Now”, “Platoon”, dentre outros. Nas últimas décadas, alguns diretores, revisitaram o tema em bons filmes como “O resgate do soldado Ryan” e “Falcão Negro em perigo”.Na verdade, essa informação vale pouco ou quase nada, no caso de “Bastardos Inglórios”, pois o fato de ser um filme de guerra é um mero detalhe, na verdade é um filme legítimo de Tarantino e ponto. A trilha sonora bem escolhida que traz de Morriconi a Bowie, pontuando os momentos mais dramáticos da película, os diálogos bem construídos, num misto de sarcasmo, cinismo e fúria tão próprios de suas obras.Além de tudo, como se não fosse pouco, traz ,sem dúvida nenhuma , as melhores performances de um elenco sob os cuidados do diretor em questão. O coronel Hans Landa vivido por Waltz magnetiza e traz tensão quase constante à tela, é um personagem catalisador que demonstra toda a insanidade, sadismo e megalomania do que foi o nazismo e poucas vezes alguém conseguiu encarnar o mal de forma tão pungente. O “caipirão” Aldo Raine (Pitt, cada vez melhor) faz um belo contraponto à Landa trazendo, por que não dizer , leveza (se é que isso é possível num cenário de extrema violência como o que ocorre no filme). A ironia máxima foi fazer Eli Roth, diretor do grotesco “O Albergue” ,atuar como o “Urso Judeu”, o Bastardo mais violento. De qualquer maneira, Tarantino se utiliza da Segunda Guerra para dissecar seu tema favorito: a vingança, só que agora, ao invés de tratar de uma revanche pessoal como em Kill Bill, ele trata de um acerto de contas com a história, impiedosamente, expondo toda a sanha do povo germânico naquele conflito, o que imagino deverá constranger bastante a todos naquele país, pela forma crua como ele o faz.

Finalmentes.:
É o melhor filme do ano, você deve ir, principalmente se gosta de cinema e ,mais ainda, se gosta de Quentin Tarantino.
PS: A seqüência inicial do filme é imperdível, se você se atrasar, assista a próxima sessão.